A temporada 1994-1995 da Série A italiana, a 93ª da história e a 63ª no formato de turno único, ocorreu entre setembro de 1994 e junho de 1995. A Juventus sagrou-se campeã, conquistando seu 23º título. O atacante Gabriel Batistuta, da Fiorentina, foi o artilheiro do campeonato com 26 gols.
Este foi o primeiro campeonato da primeira divisão italiana (Série A) a adotar o sistema de três pontos por vitória. O Padova retornou à Série A após 32 anos, após vencer um playoff contra o Cesena. Juntaram-se a ele as equipes já promovidas: Fiorentina, que voltou à primeira divisão logo após o rebaixamento em 1993, Bari e Brescia.
A Juventus passou por grandes transformações. Após o fim da gestão de vinte anos de Boniperti, houve uma mudança na direção, com a transição de Gianni Agnelli para seu irmão Umberto, e a introdução da "Tríade" formada por Moggi, Giraudo e Bettega. O time titular também sofreu mudanças significativas, especialmente na defesa e no meio-campo, com as contratações de Ferrara, Deschamps, Sousa e Tacchinardi. Marcello Lippi assumiu como técnico, implementando um esquema ofensivo com três atacantes: Baggio, Vialli e Ravanelli, com Del Piero como reserva imediato. Essas mudanças tornaram a equipe fisicamente e atleticamente forte.
Durante uma janela de transferências sem grandes movimentações, o Milan, campeão recente da Liga dos Campeões e dominante nos últimos três anos das Série A, manteve quase todo o seu elenco, com a única adição sendo o retorno de Gullit após um ano na Sampdoria. A Inter contratou o goleiro Pagliuca da Sampdoria por 15 bilhões, em uma negociação que envolveu a ida de Zenga, Ferri e Mihajlović para o time de Gênova.
Na Lazio, o dono Cragnotti colocou Dino Zoff na presidência e contratou o técnico Zdeněk Zeman, que montou um ataque forte com Bokšić, Casiraghi e Signori. O Parma, sob o comando de Nevio Scala, reforçou o elenco com Dino Baggio e Couto, mostrando ambição de conquistar o campeonato. A Roma, treinada por Carlo Mazzone, contratou Moriero, Thern e Fonseca, além de dar mais oportunidades para o jovem Totti.
A Fiorentina, que acabara de subir da Série B, manteve Batistuta e contratou Márcio Santos (campeão mundial com o Brasil) e Rui Costa. O Torino reforçou a defesa com Angloma e Pessotto, e o ataque com Rizzitelli e Abedi Pelé. O Napoli, após superar problemas financeiros que quase levaram o clube à falência, apostou em Carbone e nos estrangeiros André Cruz, Boghossian e Rincón, além de mudar o comando técnico para a dupla Cané-Boškov logo no início da temporada.
O Bari, recém-promovido, reforçou seu ataque com a chegada do colombiano Guerrero, que se juntou a Protti e Tovalieri. Cagliari, sob o comando de Óscar Tabárez, também priorizou o ataque, contratando Muzzi da Roma. A Cremonese obteve o empréstimo de Enrico Chiesa junto à Sampdoria, buscando sua afirmação no cenário de alto nível. A Reggiana, além do retorno de Padovano, apostou no jovem Oliseh, que havia se destacado pela Nigéria na Copa do Mundo realizada na América do Norte.
O período de transferências no futebol ficou marcado por duas contratações internacionais inéditas. O Genoa contratou Miura, tornando-o o primeiro jogador japonês a atuar na Série A italiana. O Padova, que retornava à primeira divisão após 32 anos, contratou Lalas, um defensor americano que havia se destacado na Copa do Mundo e se tornou o primeiro jogador dos Estados Unidos a jogar em um clube italiano.
Primeiro Turno
O campeonato que se seguiu à Copa do Mundo dos Estados Unidos de 1994 iniciou-se em 4 de setembro do mesmo ano. Parma, com Zola e Asprilla, e Roma, com a dupla sul-americana Fonseca e Balbo, destacaram-se como as principais equipes no início da temporada. Ambas assumiram a liderança na quinta rodada, revezando-se na primeira posição até 30 de outubro, quando o Parma venceu o confronto direto por 1 a 0 e abriu vantagem na tabela.
No mês de novembro, a Juventus de Lippi, em ascensão após um início instável (marcado por um gol controverso contra o Foggia e o adiamento do clássico para janeiro devido a uma enchente), começou a se destacar. A Lazio de Signori e a Fiorentina, recém-promovida, com Batistuta (que seria o artilheiro da temporada) também ganharam terreno. Batistuta estabeleceu um novo recorde ao marcar 13 gols nas primeiras 11 rodadas, superando o recorde anterior de Pascutti (12 gols nas primeiras 10 rodadas em 1962-1963).
O futebol de Milão mostrou sinais de crise. O Milan, campeão anterior, teve um desempenho abaixo do esperado, devido à Liga dos Campeões e problemas internos, resultando na volta precoce de Gullit para Gênova. A situação da Inter foi ainda pior, com a mudança de proprietário (de Pellegrini para Moratti) durante o campeonato e uma posição próxima da zona de rebaixamento ao final do primeiro turno. Em contraste, o Foggia surpreendeu positivamente, mantendo um bom desempenho sob o comando de Catuzzi, mesmo após a saída de Zeman, ficando próximo da zona de classificação para a UEFA.
No final do ano, a Juventus se destacou fortemente, apesar da ausência de seu capitão Roberto Baggio, que sofreu uma grave lesão. A equipe encontrou substitutos à altura no jovem Del Piero, que ascendeu rapidamente, e em Vialli, que teve seu desempenho melhorado sob o comando do técnico Lippi. Outros jogadores importantes para a busca do título foram Ravanelli e a dupla de meio-campo Sousa-Deschamps.
Em um período crucial da temporada, a Juventus protagonizou uma virada épica contra a Fiorentina (3-2) com um gol memorável de Del Piero. Logo em seguida, assumiu a liderança do campeonato ao vencer a Lazio fora de casa (3-4), mesmo com um jogo a menos. Um revés contra o Genoa, com um gol controverso no final, tirou momentaneamente a equipe da ponta, cedendo o lugar ao Parma. No entanto, após a pausa de Natal, a Juventus venceu o Parma no confronto direto (1-3) em 8 de janeiro de 1995, encaminhando-se para o título simbólico de campeão do inverno, confirmado duas rodadas depois.
Segundo Turno
No início do segundo turno do campeonato, em 29 de janeiro, ocorreram graves incidentes em Gênova, com confrontos entre torcedores do Genoa e do Milan. O torcedor do Genoa, Vincenzo Spagnolo, foi morto a facadas nos arredores do estádio Marassi. O jogo foi suspenso e os campeonatos nacionais foram paralisados por uma semana em resposta à tragédia. No entanto, a medida não resolveu o problema da violência entre torcidas organizadas nos estádios da Itália.
Entre fevereiro e março, a Juventus se destacou ao adotar uma postura ofensiva e tirar proveito da nova regra de três pontos por vitória, abrindo uma grande vantagem na tabela. A vitória sobre o Milan em 1º de abril praticamente selou o título. Nas rodadas seguintes, mesmo com algumas derrotas, incluindo os clássicos contra o Torino, a Juventus manteve a liderança e conquistou o título matematicamente em 21 de maio, duas rodadas antes do fim do campeonato, com uma vitória por 4 a 0 sobre o Parma. Este foi o 23º título nacional da Juventus, que não vencia o campeonato desde 1985-1986, e foi dedicado a Andrea Fortunato, jovem jogador do time que faleceu em abril devido à leucemia.
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